Em
Que Crê Um Batista Reformado?
São Bíblicas As Doutrinas Dos Batistas Reformados?
“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da comum
salvação, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé
que uma vez foi dada aos santos”. Judas 1:3
Freqüentemente
ouve-se a pergunta: "O que é uma igreja Batista Reformada?" O
propósito deste artigo é prover uma resposta sucinta, porém substancial, a
esta pergunta. Dois aspectos distintos serão abordados. Em primeiro lugar,
daremos uma breve definição dos termos. Em segundo, descreveremos alguns
distintivos básicos das igrejas Batistas Reformadas.
UMA
DEFINIÇÃO DOS TERMOS
Sob
este título consideraremos o que tencionamos transmitir com os nomes
"Reformada" e "Batista". "O que queremos dizer
por Reformada?"
Nós
temos assumido este nome "Reformada" de forma proposicional e por
duas razões específicas: primeiramente porque nos ajuda a explicar algo de
nossas raízes histórica e teológica. Nós mantemos um corpo de confissões
teológicas comumente chamadas de Fé Reformada - aquelas verdades da Palavra de
Deus que foram afirmadas pela igreja primitiva e reavivadas pela Reforma
Protestante. Verdades bíblicas tais como Sola Fide (justificação somente pela
fé), Sola Gratia (salvação somente pela graça de Deus), Soli Christo (Cristo
somente, o Salvador dos pecadores), Sola Scriptura (a Bíblia, e somente ela,
como base de fé e rática) e Soli Deo Gloria (a Deus somente, toda glória na
salvação dos pecadores), entre os grandes pilares da Fé Reformada.
Talvez
mais conhecida por sua doutrina da salvação, a Fé Reformada ensina (assim como
ensinam as Escrituras) que, antes que o mundo fosse formado, Deus o Pai,
soberanamente, escolheu certos pecadores para a salvação de acordo com o Seu
beneplácito (Ef 1.3-5). A Seu próprio tempo, Deus o Filho, veio e morreu pelos
pecados dos escolhidos (Jo 10.14-18). Na conversão, Deus o Espírito Santo,
trabalhando em harmonia com o decreto do Pai e a morte do Filho, aplica a obra
de redenção ao eleito (Tt 3.5). Quando dizemos que somos Reformados, estamos
afirmando que abraçamos como bíblico, o sistema de teologia comumente chamado
de doutrinas da graça - aquelas doutrinas que afirmam a depravação total do
homem, a natureza incondicional da eleição, o propósito particular ou limitado da
redenção, o chamamento irresistível e eficaz, e a perseverança e preservação
dos santos. Muitos dos grandes nomes da história da igreja estão associados a
estas doutrinas. Calvino, Knox, Bunyan, John Newton, Matthew Henry, Whitefield,
Jonathan Edwards, Adoniran Judson, William Carey, Spurgeon, A.W.Pink e um
exército de outros abraçaram este entendimento da salvação cristã. Enfatizamos,
entretanto, que mantemos estas verdades, não simplesmente porque Calvino e
outros grandes nomes da história da igreja também as abraçaram, mas porque,
assim Jesus como os apóstolos, claramente as ensinaram.
A Fé
Reformada, porém, abrange muito mais que a bíblica doutrina da salvação. Seus
ensinos enfatizam ainda, o que concerne a outras verdades de grande importância
como, por exemplo, a maneira em que nós, como crentes, devemos viver neste
mundo ou, ainda, como a igreja deve levar adiante a pregação do Evangelho, ou
também como conduzir nosso culto de adoração a Deus e como nossas igrejas devem
ser governadas. Deste entendimento teológico emanaram grandes confissões,
credos e catecismos Reformados. Entre os mais proeminentes estão os Cânones do
Sínodo de Dort, a Confissão de Fé e o Catecismo de Westminster, e a Confissão
de Fé e o Catecismo de Heildeberg. Nossa Confissão de Fé, a Confissão de Fé
Batista Londrina publicada em 1689 (também conhecida como Segunda Confissão de
Fé Batista Londrina) está profundamente enraizada nestes documentos históricos
e é substancialmente similar a Confissão de Westminster. Por estas razões teológicas
e históricas, nos chamamos de cristãos "Reformados".
Também
usamos este termo "Reformada" de um segundo modo e por uma segunda
razão: estamos buscando reformar-nos a nós mesmos e às nossas igrejas de acordo
com os ensinos da Palavra de Deus, a Bíblia. Em nossos dias atuais, com
freqüência ouvimos chamados de muitos púlpitos para uma reforma da igreja.
Porém, tais chamados, em muitos casos, visam ao esforço de mover a igreja para
ainda mais distante de suas raízes bíblicas e históricas, na direção do que é
moderno, contemporâneo e a toda gama de inovações; a uma teologia centrada no
homem e seus interesses físicos e seculares. Existe, sem dúvida, uma reforma em
progresso mas que não é uma reforma de acordo com os padrões bíblicos, senão um
atentado objetivando transformar a Casa de Deus (1 Tm 3.15) em Casa de
Entretenimento. Os pecadores são mais adulados do que convictos. Felicidade e
não santidade é a grande paixão do dia. Para muitos, o poder de Deus, Sua
majestade e glória são omitidos, se não totalmente relegados ao esquecimento.
Os Batistas Reformados estão fazendo seu alvo e ambição se posicionarem cada
vez mais em alinhamento com as Escrituras. Neste sentido, as igrejas Batistas
Reformadas não são estáticas. Desejamos fazer o caminho de volta às Escrituras,
examinando-nos constantemente. E não o fazemos simplesmente porque os Puritanos
do passado o fizeram, ou porque outras igrejas Reformadas o fazem. Nós
almejamos fazer tudo o que vemos revelado em nossas Bíblias, como sendo a
vontade de Cristo para Sua igreja.
"O
que queremos dizer por Batista?"
O
nome "Batista" é, para nós, uma forma abreviada para transmitir
certas verdades. Primeiramente, queremos afirmar as verdades bíblicas com
referência àqueles que devem ser batizados e, ao mesmo tempo, a maneira ou
método do batismo. A Bíblia não é silenciosa nem tampouco obscura quanto a esta
questão. O fato de ser o batismo exclusivo para aqueles que são discípulos, é
um ensino claro e indisputável na Palavra de Deus (Mt 28.19). O mandamento sobre
quem deve ser batizado não se descobre no livro de Gênesis, e sim nos
Evangelhos e nas cartas apostólicas. Não existe nenhuma evidência na Palavra de
Deus que possa, legitimamente, sustentar a noção de que os infantes de pais
crentes devam ser batizados. Todo mandamento bíblico em particular, assim como
todo exemplo e toda afirmação bíblica concernente aos candidatos ao batismo,
atestam que estes devem ser somente aqueles que são convertidos.
No
que concerne a forma ou método do batismo, este é, própria e biblicamente,
administrado por imersão. A palavra grega comum para "imergir" ou
"mergulhar" é a palavra usada em todo o Novo Testamento. O argumento
de que a palavra pode ser encontrada em raríssimas ocasiões significando
"derramar" ou "aspergir" é, diríamos, pedir muito. Existem
palavras gregas que exprimem perfeitamente o sentido de "derramar" ou
de "aspergir". De fato, existem numerosas ocasiões na Septuaginta (a
tradução grega do Antigo Testamento) onde as palavras "imergir" e
"aspergir" são usadas no mesmo contexto, porém, com significados
distintos e separados, como as ocasiões onde o sacerdote "molha"
(mergulha) o dedo no sangue e o "asperge" sobre o objeto.
O
nome Batista é, em segundo lugar, usado para transmitir nossa persuasão de que
somente aqueles que são genuinamente convertidos e batizados têm o direito a
membresia na igreja de Cristo. A isto freqüentemente aludimos como
"membresia regenerada". Uma leitura cuidadosa das epístolas do Novo
Testamento demonstrará que os apóstolos presumiram serem os seus leitores,
"santos", "irmãos fiéis" e "limpos por Cristo" (1
Co 1.2; Cl 1.2). Infelizmente, em nossos dias muitas são as igrejas batistas
que estão mais ocupadas em ter uma membresia de pessoas que fizeram "decisões",
ou uma membresia batizada, do que com uma membresia regenerada. É dever dos
pastores, como de todos aqueles que pertencem a igrejas verdadeiras, se
assegurarem o melhor possível, de acordo com suas habilidades, que nenhuma
pessoa não convertida venha a tornar-se membro de suas igrejas.
À
luz do que já temos dito, chegamos agora a uma pergunta crucial: "Como
podemos
distinguir as igrejas Batistas Reformadas de outras igrejas?" Não
existe uma forma rígida, padrão, para nossas igrejas, porém, nosso entendimento
das Escrituras nos traz a um consenso entre as diversas igrejas locais, no que
respeita a muitos temas vitais. A lista que se segue, está longe de ser
exaustiva e de abranger tudo aquilo que deve caracterizar toda igreja
verdadeira. A lista não inclui importantes e fundamentais interesses, tais como
o amor por Cristo, anelo pela presença e pelo poder do Espírito Santo, amor
verdadeiro e evidente pelos irmãos, e zelo por alcançar os perdidos. Estas
coisas devem, necessariamente, marcar qualquer igreja que se considere
verdadeira igreja de Cristo. Fica claro que as igrejas Batistas Reformadas
devem patentear estas marcas. As que relacionamos abaixo, são marcas que se
adicionam a estes interesses mais fundamentais. Ademais, intencionamos deixar
claro que não descansamos sobre estes distintivos como se fossem nossos únicos
meios para agradar a Deus. Poucas coisas são mais odiosas a Deus do que uma
ortodoxia morta e um formalismo vazio. Os distintivos que se seguem são, de
certa maneira, "verdades perdidas" que necessitam ser recuperadas nas
igrejas em nossa geração.
MARCAS
DISTINTIVAS DAS IGREJAS BATISTAS REFORMADAS
1.
As igrejas Batistas Reformadas se distinguem pela convicção no que se refere a
suficiência e autoridade da Palavra de Deus, assim como a sua inspiração,
infalibilidade e inerrância. Todos os crentes crêem na inspiração e
infalibilidade da Palavra de Deus. Todo verdadeiro cristão crê que a Bíblia é
inspirada (literalmente, "aspirada" pelo hálito de Deus) e que ela é
infalível e sem erros em todas as suas partes. Negar isto é heresia que condena
a alma. Contudo, ainda que todas as verdadeiras igrejas evangélicas sustentem
uma doutrina ortodoxa das Escrituras, a infeliz verdade é que nem todos os
evangélicos buscam regular a vida da igreja, em todos os seus aspectos, pela
Palavra de Deus. A crença comum, seja isto claramente afirmado ou não, é que a
Bíblia não é um guia suficiente para ordenar a igreja. Este pensamento
encontra-se subjacente em muito do que vemos nos modernos "movimentos de
crescimento de igreja". Estes movimentos estão alicerçados sobre a crença
comum de que a Bíblia tem pouco ou nada a dizer acerca da natureza e propósito
da igreja, e, por esta razão, muitos se sentem à vontade para
"re-inventar" a igreja. Parecem argumentar que Deus não tem
princípios em Sua Palavra, concernentes à vida corporativa do Seu povo.
Devemos, portanto, proclamar, nestes dias de apostasia, que aqueles que foram
chamados e separados por Cristo para serem os pastores de Seu rebanho, devem
ouvir a palavra profética de Isaías, que demanda: "À lei e ao testemunho!
Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva" (Is 8.20). Os
Batistas Reformados têm, pois, a convicção de que a Bíblia, e somente ela, nos
diz o que a igreja deve ser e fazer (1 Tm 3.14,15). A Bíblia, e somente ela,
deve regulamentar as classes de oficiais ou líderes da igreja e dizer-nos
quantos devem ser, a saber, dois: presbíteros e diáconos (Fp 1.1). A ela também
cabe, exclusivamente, prescrever quais devem ser as suas qualificações e suas
funções (veja Atos 20, 1 Timóteo 3, Tito 1, Hebreus 13 e 1 Pedro 5). É a
Bíblia, e somente ela, que nos diz o que é o culto e como ele deve ser
oferecido (Jo 4.23,24). É ainda a Bíblia, e somente ela, que nos ensina quem
deve ser membro da igreja de Cristo e o que esta deve requerer de seus membros
(At 2.42-47; 1 Ts 5.12-14; Hb 13.17). Muitas são as igrejas conservadoras que
professam crer na Bíblia e que, no entanto, não crêem o suficiente para,
plenamente, se deixarem regular por ela.
2 As
igrejas Batistas Reformadas se distinguem pela convicção de que a igreja existe
para a glória de Deus (Ef 3.21; 5.26,27). Porque a igreja existe para a glória
de Deus, o culto a Deus e Palavra de Deus devem ser centrais em sua vida. Hoje,
contudo, a medida de uma igreja é tomada em termos do que ela tem para oferecer
ao homem. Atende às suas necessidades? É divertida? É relaxante? Oferece
entretenimento? As igrejas, entretanto, deveriam estar muito mais preocupadas
com o sorriso de Deus do que com o sorriso dos homens. A igreja é a Casa de
Deus (1 Tm 3.15), não a casa dos homens. Isto não quer dizer que deva ser um
lugar monótono, austero, triste, destituído de sentimentos e de emoções. O
lugar onde está a presença especial de Deus é, para os santos, o lugar mais
glorioso da terra, e um oásis para as almas sedentas dos pecadores que queiram
buscar a Deus. Não obstante a isto, o lugar da presença de Deus é também santo
e solene. "Quão temível é este lugar! É a casa de Deus, a porta dos
céus" (Gn 28.17). É esta convicção que explica a reverência e a seriedade
com as quais nos aproximamos de Deus em nossos cultos.
3.
As igrejas Batistas Reformadas se distinguem pela convicção de que a igreja
local é central nos propósitos de Deus na terra (1 Tm 3.15).Organizações
para-eclesiásticas, as vemos em todas as formas e por todas as partes. Vivemos
dias quando cristãos que dizem possuir uma mente independente, transitam de
lugar a lugar, envolvidos neste ou naquele "ministério", sem nunca se
obrigarem ou assumirem responsabilidades com alguma igreja em particular. Esta
atitude de "aventureiros solitários" não só é perigosa, mas
totalmente contrária à mente de Deus revelada nas Escrituras (Mt 28.19,20; At
2,41,42). Alguns se escusam por afirmar que a igreja tem sido negligente em
muitos aspectos e falhado no cumprimento da missão que Deus lhe incumbiu. A
solução, entretanto, não é a de abandonar a igreja, mas a de buscar sua reforma
e restauração bíblica. Apenas a igreja é a habitação especial de Deus por Seu
Espírito entre os homens (Ef 2.22). A grande comissão das igrejas é cumprida
quando pregadores do evangelho são enviados pelas igrejas para edificar novas
igrejas, por meio da conversão, do batismo e do discipulado. Se você anseia por
onde está a especial presença de Deus, então encontre uma igreja bíblica
constituída por crentes genuínos.
4.
As igrejas Batistas Reformadas têm por convicção que a pregação da Palavra de
Deus é fundamental para a vida da igreja local. Como é que Deus mais
freqüentemente se agrada em salvar os pecadores? Como é que Deus mais
freqüentemente se agrada em exortar, desafiar, confortar e edificar os santos?
Como é Cristo mais poderosamente apresentado às mentes e aos corações? Através
da pregação da Palavra de Deus (1 Co 1.21; Ef 4.11-16; 2 Tm 4.1-5). Por
conseguinte, os Batistas Reformados, assim como todos os crentes de mentalidade
sobriamente bíblica, rejeitam as tendências atuais que secundarizam a pregação
e o ensino no culto, ou mesmo substituem-nos por outros elementos, geralmente
relacionados à música, dramaturgia e expressões da arte cênica. A pregação da
Palavra de Deus deve ser central na adoração a Deus. O apóstolo Paulo nos
adverte de que, no dia em que os crentes professos não mais tolerassem a sã
doutrina, de acordo com suas próprias concupiscências cercar-se-iam de mestres
para satisfazerem à "coceira" de seus ouvidos. Por esta razão, ele
insta com Timóteo a que pregue a Palavra. Não devemos dar lugar à pregação
ociosa, e à infidelidade de pastores que negligenciam alimentar as ovelhas. A
condenação da Palavra de Deus é clara neste aspecto: "Filho do homem,
profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize-lhes: Assim diz o
SENHOR Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não
apascentarão os pastores as ovelhas?" (Ez 34.2).
5.
As igrejas Batistas Reformadas se distinguem pela convicção de que a salvação
transforma radicalmente a vida do convertido. É trágico que tal coisa tenha que
ser mencionada. Vivemos nos dias do "decisionismo" e da "fé
fácil". Muitos são deixados na impressão de que converteram-se proferindo
certa fórmula de oração, caminhando ao altar, levantando a mão ou assinando um
cartão. Não importa se de fato romperam com o pecado e passaram a buscar uma
vida de santidade (Hb 12.14). Alega-se que eles, embora vivendo para si mesmos
e para o mundo, estão a caminho do céu. Muitos professores de Bíblia e
pregadores populares defendem isto como a grandeza da graça de Deus. A
Escritura, no entanto, diz que isto é transformar "em libertinagem a graça
de nosso Deus" (Jd 4). Quando Paulo referiu-se à conversão dos crentes
efésios, ele utilizou os maiores antônimos da linguagem humana para descrever a
profunda mudança que teve lugar em suas vidas: "Pois, outrora, éreis
trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz" (Ef
5.8). O apóstolo retoricamente perguntou aos coríntios: "Que comunhão, da
luz com as trevas?" (2 Co 6:14). Jesus, a quem proclamamos, é um grande
Salvador. Ele não deixa o Seu povo morto nos seus pecados. Proclamamos que
Jesus veio para salvar o Seu povo dos seus pecados (Mt 1.21). Proclamamos a
verdade bíblica de que aquele que está em Cristo é nova criatura (2 Co 5.17).
Anunciamos Aquele que veio para purificar, para si mesmo, um povo
exclusivamente seu, zeloso de boas obras (Tt 2.14). Rejeitamos a noção moderna
e anti-bíblica de que uma pessoa possa abraçar a Cristo como Salvador, sem que
ao mesmo tempo O tenha como seu Senhor. Em nenhum lugar das Escrituras,
encontramos que Cristo possa estar dividido. Aquele que professa ter a Cristo,
deverá tê-lo integralmente, em todos os seus três ofícios: Profeta, Sacerdote e
Rei.
6.
As igrejas Batistas Reformadas se distinguem pela convicção de que a Lei de
Deus, conforme se expressa nos Dez Mandamentos, deve regulamentar a vida do
crente sob a Nova Aliança (veja Jeremias 31 e l João 2). Paulo escreveu à
igreja em Corinto: "A circuncisão, em si, não é nada; a incircuncisão
também nada é, mas o que vale é guardar as ordenanças de Deus" (1 Co
7.19). Nesta época de cristianismo antinomista, que pouco ou nada demanda, nós
afirmamos que o caminho da santidade ordenada por Deus nunca foi mudado. A lei
escrita no coração do homem desde a criação é a mesma lei dos Dez Mandamentos
codificada no Monte Sinai. E esta lei é, de igual maneira, escrita nos corações
dos crentes do Novo Testamento.
Entre
as leis de Deus, poucas são tão odiadas como o Quarto Mandamento:
"Lembra-te do dia de Sábado, para o santificar" (Ex 20.8; Dt 5.12).
Que Deus requer dos crentes absterem-se um dia por semana de todas as suas
ocupações seculares, dedicando-o ao culto ao Senhor, é absurdo a alguns e
repulsivo a outros. O pastor presbiteriano e comentarista bíblico Albert
Barnes, assim escreveu: "Existe um estado de coisas nesta terra que tende
a obliterar totalmente o Dia do Senhor. O Dia do Senhor tem mais inimigos nesta
terra do que todas as outras instituições religiosas juntas. Confrontar-se com
o inimigo aqui é mais difícil que em qualquer outra parte, porque aqui entramos
em conflito não com argumentos, mas com interesses e prazeres, e o amor à
indulgência e ao ganho". Concordamos com John Bunyan quando disse: "O
homem demonstra seu coração e sua vida - o que ele realmente é - mais no Dia do
Senhor do que em todos os demais dias da semana. Deleitar-nos no serviço a Deus
em Seu Santo Dia, em vez de esperá-lo com pesar, dá-nos boa prova de uma
natureza santificada". Muitos encontram-se tão cativos e absortos em seus
prazeres, jogos e entretenimentos, que só pensar em deixá-los por 24 horas cada
semana, com o propósito de cultuar e deleitar-se em Deus, é visto como
escravidão legalista. Mas, longe de ser escravidão, para o povo de Deus, a
observância espiritual do Dia do Senhor é uma ocasião de grande refrigério e
ditosa liberdade. O povo de Deus ama a Sua Lei, e meditar nela é um deleite
para suas almas compradas ao preço de Sangue.
7.
As igrejas Batistas Reformadas se distinguem pela convicção concernente à
liderança masculina na igreja. Nossa geração tem testemunhado a feminização do
lar e da igreja. Deus, no principio, criou homem e mulher, e a cada um
correspondeu diferentes papéis embora complementares. Ainda que ambos os sexos
sejam iguais na criação e na redenção, Deus, entretanto, em Sua soberania
ordenou que a liderança do lar e da igreja fosse assumida pelo homem. Aqueles
cujas mentes têm sido indevidamente influenciadas por esta geração, consideram
o exercício bíblico da liderança masculina na família e na igreja como algo
dissonante. Quando a Bíblia é estudada cuidadosamente, depreende-se que o dever
dos maridos e pais de exercerem a liderança no lar (Ef 5.22-6.4; Cl 3.18-21)
não é culturalmente condicionado. Quando a Bíblia fala de homens liderando em
oração, ensinando, pregando e servindo como presbíteros e diáconos (1 Tm 2.8 e
3.1), devemos dobrar-nos com corações submissos e respeitosos. A cultura,
qualquer que seja, não deverá reger ou ter a última palavra na Igreja de
Cristo.
8.
As igrejas Batistas Reformadas se distinguem pela convicção concernente ao
caráter sério da membresia da igreja. Tomamos com seriedade os deveres e
responsabilidades que, como membros, assumimos. Reverenciamos a admoestação
bíblica: "Não deixemos de congregar-nos..." (Hb 10.25). Em outras
palavras, ser membro de uma igreja local equivale a um privilégio, e é algo
significante para as igrejas Batistas Reformadas. Não esperamos que haja grande
disparidade entre a assistência dos cultos do domingo pela manhã, Domingo à
noite ou durante a semana. De todos os membros espera-se que estejam presentes
a todos os cultos da igreja. É impossível aos membros compartilharem da vida da
igreja, da maneira intencionada por Deus e, ao mesmo tempo, ausentarem-se de
suas reuniões públicas sem justa causa. Reconhecemos que poucas igrejas
atualmente pugnam por isto, porém, uma membresia bíblica pressupõe tal
compromisso para com Deus, para com seus pastores e para com os irmãos em
Cristo.
Muito
mais poderia ser escrito, mas, o que aqui se lê, deverá dar ao leitor uma boa
idéia do que queremos projetar quando dizemos que somos Batistas Reformados.
Isto é o que o nome significa, e estas são algumas marcas que nos distinguem.
Se estas verdades ecoaram em seu coração como sendo bíblicas, nós o(a)
encorajamos a buscar uma igreja tal, que lhe seja lugar seguro, fiel e
confiável para guiar e nutrir sua alma imortal.
(Adaptado
com permissão de um sermão pregado por Jim Savastio, pastor na Igreja Batista
Reformada de Louisville, Kentucky, USA)